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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Projeto de leitura e escrita: contos de fadas renovados

Temática: Leitura e reescrita de “Contos de Fadas”



Introdução

            Este projeto surgiu como proposta de aplicação dos estudos feitos no Gestar II, tendo como um dos objetivos desenvolver algo diferenciado, com relação à leitura, daquilo que costumamos observar na prática utilizada na maioria das escolas. Pois, percebe-se que tal prática pouco tem contribuído para a formação de leitores competentes.
A leitura é um instrumento valioso para a apropriação de conhecimentos relativos ao mundo exterior. Ela amplia, aprimora o vocabulário e contribui para o desenvolvimento de um pensamento crítico e reflexivo, pois, possibilita o contato com diferentes ideias e experiências. Assim, é obrigação da escola desenvolver o gosto e o prazer pela leitura, tornando os estudantes capazes de compreender diferentes gêneros textuais que circulam na sociedade, de modo a formar leitores competentes e autônomos, contribuindo para a sua inclusão e interação na sociedade.



Problemática

Há evidências de que alguns professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental enfatizam o estudo da nomenclatura gramatical, através de exercícios mecanicistas, nos quais a reflexão e a interação aluno-professor e aluno-aluno é pouco expressiva.
Devido a essas constatações proponho um projeto de leitura e escrita, através dos contos de fadas, voltado, especificamente, para a “8ª série A” do Ensino Fundamental da Escola Martinho Motta da Silveira.



Fundamentação Teórica

Segundo o filósofo francês Voltaire, “perigoso não é o homem que lê, é o que relê”. Isso ocorre porque ler é conhecer e, na releitura, há uma maior compreensão do texto, consequentemente, do mundo a que ele se refere e do qual o leitor participa, possibilitando uma consciência mais crítica e uma atitude mais ativa. Quando lemos, estabelecemos um diálogo com o texto, interagimos com ele, comparamos situações, analisamos, questionamos suas teses, procurando possíveis e variadas respostas.
Não é possível dissociar a aprendizagem da leitura e da escrita, e, para Antunes (2003, p. 67), essas são atividades de interação que se completam. Da mesma forma que a leitura, a produção de textos escritos é uma prática de linguagem e, assim, uma prática social. Isso significa que devemos possibilitar ao aluno a escrita de textos para diferentes interlocutores, com objetivos diferentes, organizados nos mais diversos gêneros, para circularem em variados espaços sociais, de maneira adequada “à situação em que se insere o evento comunicativo”. (Antunes 2003, p. 64).
Bagno (2002, p. 24) define a língua como atividade social, e isso faz com que a “prática da interpretação” seja fundamental na interação social humana. Para ele, portanto, essa prática deve ser exercitada em aula, e não só a teoria. O letramento que ele sugere não se resume em saber ler e escrever, envolve as práticas sociais de leitura e escrita, ou seja, a contextualização da língua em seu uso através da escrita. A leitura deve, portanto, ter uma grande participação na compreensão da gramática, sem, no entanto, depender da nomenclatura.
A escola deve ter como objetivo formar cidadãos críticos, com opiniões próprias e força de caráter. Isso, em grande parte, se dá com a leitura. Sua prática traz consequências maravilhosas, os conhecimentos de mundo se ampliam prazerosamente, e não ocorrem por imposição. Através da leitura o aluno pode desvendar a existência ao seu redor, e, ao romper seu horizonte de expectativas, amplia seu universo de entendimento.
Acredito que o professor deva ser um mediador no processo de leitura e escrita. Saraiva (2006, p. 28), afirma que a participação do adulto, “cúmplice e colaborador”, permite ao estudante adquirir “a confiança e a coragem de vivenciar a aventura da descoberta” da literatura, que, assim como a arte, provoca um “conhecimento inusitado” a partir da sensibilidade e significação, instaurando novos sentidos. Os PCNs de Língua Portuguesa (1998, p. 24), ainda, sugerem que os textos selecionados para uso didático sejam aqueles que favoreçam “a reflexão crítica, o exercício de formas de pensamentos mais elaborados e abstratos, bem como a fruição estética dos usos artísticos da linguagem”.
O público de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental é classificado por Aguiar (1986, p. 89) como a 3ª fase de leitura, quando, ainda, restam vestígios do pensamento mágico (dos contos de fadas, mitos e lendas), e o leitor começa a perceber mais o real à sua volta. Por esse viés, Bamberger (2006, p. 66 e 67) afirma que os contos de fadas são uma maneira de transitar para as histórias o que condizem mais com a realidade. 
Ainda, de acordo com Aguiar (1986, p. 90 e 91), as crianças do ensino fundamental apresentam um percurso de evolução na fluência do ato de ler, permitindo que, ao compreender melhor as noções de espaço, tempo e classificação, o leitor exija leituras mais complexas. Por isso a obra O fantástico mistério de Feiurinha, de Pedro Bandeira, pode suprir anseios do leitor de modo que, apesar de ser um conto fantástico, englobe a realidade da personagem “escritor”, além de falar do que acontece quando acabam os contos de fadas. Dessa forma, o texto abrange o conhecimento já percorrido pelo jovem leitor e lhe propõe novos questionamentos, visto que não se trata de uma leitura “previsível”, alterando, portanto, o seu horizonte de expectativas. Igualmente, não impõe conhecimentos da teoria da literatura que não seriam recomendados nessa fase de leitura.
Bamberger (2006, p. 67) também propõe maior atenção aos interesses divergentes, isso condiz com o segundo momento de trabalho de leitura. Nossa proposição se embasa na consideração de que cada aluno já apresenta algumas preferências. Oferecer oportunidade de escolha permitirá que, como também sugere Aguiar (1986, p. 93), o aluno se sinta satisfeito em suas expectativas, ocasionando o prazer de ler.
A escolha de trabalhar com os contos de fadas renovados justificam-se na medida em que estes, conforme explicita Vale (2001, p. 46 - 48), embora mantenham o maravilhoso, conduzem o leitor a uma percepção de si mesmo e da sociedade que o circunda. A leitura livre, por sua vez, propicia o atendimento à expectativa do leitor, motivando, segundo Aguiar (1986, p. 94), o prazer da leitura. Na defesa da leitura, Bamberger (2006, p. 80) também acredita que a leitura em voz alta realizada, a princípio, pelo professor “ajuda a tornar compreensíveis o significado e o caráter do texto, com a voz e a expressão facial, [pois] até os que não gostam de ler se sentirão encantados”.



Objetivo Geral

Aperfeiçoar as competências em leitura e escrita dos alunos, buscando oferecer situações que possam despertar nos alunos o prazer e o interesse pela leitura, bem como ampliar as suas habilidades e competências, a fim de que se tornem leitores autônomos.



Objetivos específicos

Ø    Conhecer as diferenças e semelhanças entre o conto de fada tradicional e o veiculado na cinematografia;
Ø    Despertar o interesse e o gosto pela leitura;
Ø    Desenvolver comportamentos leitores;
Ø    Ler contos e socializá-los em rodas de conversa;
Ø    Participar de situações de intercâmbio oral, trocando opiniões, assumindo seu ponto de vista e respeitando o dos outros;
Ø    Discutir, pontos de vista diferentes em situações que envolvam algum tipo de preconceito;
Ø    Possibilitar espaço de socialização (envolvendo alunos de outras turmas) das leituras realizadas;
Ø    Desenvolver a criatividade e a escrita a partir da recriação de um conto de fadas;
Ø    Recriar, em pequenos grupos ou duplas, um conto de fadas, compreendendo a estrutura da narrativa e utilizando as principais características do gênero.



Metodologia

Proposta de atividade de leitura e escrita

Primeira fase: Contos de fadas renovados.

Neste primeiro momento, deverá ser feita uma aula expositiva de recapitulação de alguns dos contos de fadas que os alunos conhecem. Através de perguntas que tratem de características particulares de cada história, possibilitando que os alunos as reconheçam. Eles devem responder a essas questões, a princípio, individualmente, para posterior discussão da temática com o grande grupo, com a mediação do professor. Isso possibilitará que eles aperfeiçoem seus conhecimentos em conjunto.
No momento seguinte a essa pequena exposição, o professor dividirá a turma em pequenos grupos e oferecerá para cada grupo um conto de fada clássico (trazer em torno de quinze, exemplo: “A Bela e a Fera”, “A Pequena Sereia”, “Aladim”, “Cinderela”, “Branca de Neve”...). Depois de realizada as leituras, cada grupo divulga/expõe seu conto para a turma, caso achem interessante, poderão, também, apresentá-los em forma de teatro, encenando para as turmas de séries diferenciadas da escola.
Poderá ser realizada uma votação na sala a fim de escolher um filme que aborde contos de fadas renovados para assistir em uma das aulas como: “Shrek”, “Deu a louca na Chapeuzinho”, “A nova Cinderela”, etc. Independentemente do filme a que assistirem, o objetivo será verificar e anotar as diferenças e semelhanças entre o conto de fada tradicional e o que é veiculado na obra cinematográfica.
Terminada essa fase abre-se espaço para a discussão sobre as diferenças e semelhanças encontradas, elaborando-se um quadro comparativo que ficará exposto no mural da escola.
O professor introduzirá a obra de Pedro Bandeira, “O Fantástico mistério de Feiurinha”, falará brevemente do autor e de sua obra infanto-juvenil e lerá um pequeno trecho inicial para despertar o interesse da turma. A partir daí, sempre haverá, nos minutos finais de cada aula, a leitura em voz alta de um capítulo do livro. Após o término da obra, será realizada uma discussão, e os alunos reescreverão seu próprio conto renovado, que pode ser a partir deste ou de outro de sua preferência, para posterior construção de um livro. As sugestões para essa escrita podem se basear nas elencadas no texto de Pedro Bandeira, a partir das quais o aluno poderá dar continuidade a um conto clássico ou reescrevê-lo. O professor deverá montar módulo (sequência didática), de acordo com as dificuldades encontradas na produção dos contos, para posterior reescrita.
Para a montagem do livro da turma, o professor poderá fazer um trabalho interdisciplinar com as aulas de Educação Artística, nas quais os alunos poderão ilustrar seu conto, utilizando-se das características da história em quadrinhos ou apenas de imagens. Após isso, a turma escolherá um título para o livro, que será encadernado. Depois de pronto, todos os alunos poderão levar o livro para casa, para mostrar para sua família, retornando-o a cada três dias. Quando todas as famílias já tiverem visto o livro da turma, este fará parte do acervo da biblioteca da escola. Caso o aluno queira, poderá reproduzi-lo para si.



Segunda fase: Leitura livre.

Juntamente com o (a) bibliotecário (a) da escola (biblioteca, ainda, não inaugurada na nossa escola), o professor fará uma seleção de livros infanto-juvenis de cada gênero literário. Esses grupos de livros serão oferecidos para a turma, com um comentário sobre os gêneros e um pequeno resumo sobre algumas obras que o professor julgar interessantes. Cada aluno, então, poderá escolher um livro que lhe desperte maior interesse – caso algum aluno não se interesse por nenhum dos livros selecionados, este poderá escolher outro que mais lhe agrade.
É importante, ainda, frisar que essa retirada de livros, feita na biblioteca, não será de modo imposta, pois será respeitada a escolha espontânea do aluno. Os livros serão levados para casa, podendo ser trocados quando o aluno, assim, desejar.
A cada semana (sem aviso prévio), faz-se uma mesa redonda para discutir as obras lidas. Aqui, o professor deve incitar a fala dos alunos, sem fazer apontamentos diretos sobre quem leu ou não. Com isso, tem-se o intuito de socializar as histórias lidas, oferecendo uma situação que desperte o interesse por outras leituras e que, ainda, possa atrair quem não leu.



Cronograma

Ø  De 20/09 a 30/09/2010 – Planejamento do professor;
Ø  De 01/10 a 30/11/2010 – Execução do projeto;
Ø  De 01/12 a 05/12/2010 – Preparação para a culminância;
Ø  Dia 06/12/2010 – Culminância.



Recursos

Ø  Materiais: Livros de conto de fadas e outros;
Ø  Humanos: Professores, alunos, equipe técnica da escola, etc.



Avaliação

A avaliação de ambas as fases ocorrerá de forma processual e progressiva, de modo a verificar o desempenho, a participação, o interesse e a aplicação do estudante no cumprimento das atividades, leituras e discussões, além da interação e do empenho em sua equipe de trabalho.



Conclusão

Os alunos serão apresentados a um texto que trabalha com conhecimentos prévios (os contos de fadas), e, além disso, terão livre escolha das leituras a serem feitas. Essas serão mediadas pelo professor, que oportunizará a participação dos alunos nas discussões. Espera-se, ainda, procurar envolver todos os alunos e despertar o gosto e o prazer pela leitura, bem como contribuir na formação de leitores autônomos e competentes.
Portanto, é grande a importância de se desenvolver nas escolas projetos voltados para a leitura. Para tanto, precisamos de professores comprometidos com o trabalho e que estejam dispostos a envolverem-se de tal maneira a quebrar barreiras para a realização de um trabalho inovador.



Referências bibliográficas

AGUIAR, Vera Teixeira de. A Literatura e o leitor. Letras de hoje. Porto Alegre, Epecê, 1986.

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003.

BAGNO, Marcos. Língua materna: letramento, variação e ensino. São Paulo: Parábola, 2002. 

BAMBERGER, R. Como incentivar o hábito de leitura. São Paulo: Ática, 2006.  

BANDEIRA, Pedro. O fantástico mistério de Feiurinha. São Paulo: FTD, 1999. 

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.

VALE, Luisa Vilma P. Narrativas infantis. In: SARAIVA, Juracy Assmann (Org). Literatura e Alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: Artmed, 2001.

SARAIVA, Juracy Assmann. Literatura na escola: propostas para o ensino fundamental. Porto Alegre: Artmed, 2006.